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Conflitos de branco

O filme em cartaz, Noivas em Guerra (Bride Wars, EUA,2008),coloca pequenas situações em evidência.A primeira, remete à psicologia feminina: como o casamento continua sendo o maior sonho de toda menina e o rapaz com quem se casa, realmente não importa.A segunda, a indústria que foi criada em torno dos casamentos.Não só casamentos, mas qualquer festa tradicional : festas de quinze anos, formaturas.

Várias produções, umas boas  e outras ruins, já tentaram mostrar a obsessão que muitas pessoas criam em torno das festas, esquecendo o motivo para a celebração.Um bom exemplo é o pouco conhecido Competindo com os Steins (Keeping up with the Steins,EUA,2006), onde um garoto judeu vive os conflitos  do Bar Mitzvah*.De um lado, ele procura entender a essência da celebração, de outro, convive com o mundo de ostentação e superficialidade das “grandes festas” (com mil DJs, celebridades,shows pirotécnicos, orquestra sinfônica de Praga e por aí vai).

Já o Vestida para casar (27 Dresses,EUA,2008), apesar de ser mais fraco em termos de enredo, também evidencia o mesmo problema.Aqui, uma jovem moça cria uma obsessão tão grande por casamentos, que vai em todos os possíveis( às vezes até ao mesmo tempo), possuindo vinte e sete vestidos de dama de honra.Durante a projeção, os ridículos vestidos expõe tanto a humilhação que a protagonista sofre, quanto os temas absurdos que os casamentos utilizam( Los Angeles, …E o vento levou,etc).

Casamentos viraram sinônimo de vestidos de grife,flores importadas,convites sofisticados.O amor entre o casal é o que menos importa.

Casamentos viraram sinônimo de vestidos de grife,flores importadas,convites sofisticados.O amor entre o casal é o que menos importa.

O fato é que Noivas em Guerra mostra uma coisa preocupante: a ostentação continua cada vez sem limites, pois as duas protagonistas, Liv e Emma, criaram um único objetivo em suas vidas: casar em um luxuoso hotel, com o vestido perfeito, no dia perfeito( 6 de junho, se não me engano).Mas, espere, cadê o homem nessa história?Enquanto as duas desenvolvem uma necessidade absurda de casarem nas condições citadas acima, o relacionamento e comunicação com os noivos pouco importam.E para aqueles que assistiram, é fácil perceber como para os noivos  esses detalhes não são importantes.Afinal, o casamento é apenas um ritual das sociedades humanas para unir duas pessoas que se amam.Isso deveria ser o crucial: o outro com quem estamos casando.Não o local, comida, convidados, convites, flores, bolo.Todos esses elementos são apenas supérfluos diante do verdadeiro propósito do matrimônio.

É bom atentar que esse comportamento não fica restrito ao cinema.Na revista Veja da última semana, um “mapeamento” do comportamento adolescente brasileiro, mostrou que as festas de quinze anos voltaram a ser  celebradas.O pior é que muitas dessas festas caem na ostentação:  uma das meninas entrevistadas na reportagem, criou o próprio Shopping Center de luxo na festa(seria esse o tema?), com sacolas próprias, sendo que ela era a modelo do mesmo.

Um dia de princesa nos casamentos, 15 anos: será que a passagem para a vida adulta ou o matrimônio em si são supérfluos diante do brilho do vestido de grife?

Um dia de princesa nos casamentos, 15 anos: será que a passagem para a vida adulta ou o matrimônio em si são supérfluos diante do brilho do vestido de grife?

A indústria que gira em torno dessas festas lucra milhões e é muito disputada.Numa cena do filme Noivas em guerra, a organizadora do evento(cerimonialista) era extremamente combiçada por todas as noivas de Nova Iorque.Por trás de tanto luxo, com vestidos de grife, flores importadas, a essência da festa se perdeu faz muito tempo.O resultado disso é observado na vida real: a grande maioria dos casamentos não dura mais, os relacionamentos ficaram distantes e a união entre duas pessoas é a última coisa pensada nessas festas.Nisso a projeção acertou,Emma, vivida por Anne Hathaway, termina descobrindo que o seu relacionamento não estava bem, desistindo de casar com o noivo.

E quanto à psicologia feminina?Mulheres em pleno século XXI, bem-sucedidas e indepedentes, ainda vivem o sonho do casamento perfeito.Não só no filme Noivas em Guerra, mas também no Vestida para casar e tantos outros.Esse comportamento sempre existiu e sempre existirá?A indústria usa essa característica para lucrar, incentivando-a?Por que homens não sonham em casar desde a infância?Seria cultural ou da natureza humana?Questões como essas, eu deixo em aberto, para o leitor refletir e, quem sabe, conseguir responder.

*B’nai Mitzvá (filhos do mandamento) é o nome dado à cerimônia que insere o jovem judeu como um membro maduro na comunidade judaica.

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