Arquivo da categoria: entreternimento

A (não)Hora das Bruxas

Capa do livro A Hora das BruxasVerrugas nojentas no nariz, corcundas, mantos esfarrapados negros ou roxos, uma sorte de ingredientes dos mais esquisitos, como asas de morcego, rabo de sapo, olho de rato, perna de barata e as maldições para transformar pessoas em animais, comer criançinhas e prender vidas. Provavelmente essa é a imagem que vem à cabeça da maioria das pessoas quando pensam em bruxas.

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História fashion

[ série especial]

A História sempre foi um tema visto com certo temor pelo mundo do entretenimento.Contrastando o com o brilho natural do gênero, qualquer produção voltada para temas históricos encontrava admiração apenas em pequenos grupos. Devido à associação com aquela professora chata e feia que todo mundo já teve lá no início da vida, o preconceito pelo público em geral sempre foi notório.

Entretanto, nas últimas décadas, produtores hollywoodianos têm aproveitado “fatos históricos” para filmes, séries e outros ramos da indústria cultural.Dessa nova vertente, boas produções já abordaram temas célebres como : Roma, Grécia, Segunda Guerra Mundial etc.Em contrapartida, muitos fatos históricos servem apenas como pretexto, perdendo-se em meio às lutas cinematográficas, à criação de caricaturas heróicas/diabólicas e às versões distorcidas para agradar o público.

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De obeso e rabugento à estrela de Hollywood: maravilhas do século XXI.

Com um olhar atento aos modismos culturais que surgem a cada dia, deparei-me com um padrão curioso: Henrique VIII, aquele  personagem histórico das minhas aulas de Reforma Protestante tornou-se uma figura extremamente in.Diversas produções que abordam o monarca obeso e suas quinhentas esposas/amantes pipocam a cada dia(A outra, The Tudors).Infelizmente, essas abordagens são extremamente deturpadas, focando-se em uma figura bonita,magra e mulherenga.Talvez Henrique fosse até a última, mas transformar a política inglesa do século XVI em uma orgia histórica é, no mínimo, uma visão caolha.Qual real interesse dos produtores em recriarem Henrique VIII?

Esse jogo com a imagem de Henrique provavelmente é feita com a desculpa de que se os fatos históricos fossem realmente narrados, o público não assistiria.Mas, convenhamos, transformar esse personagem em um príncipe encantado no estilo playboy e  resumir todo o surgimento da Igreja Anglicana em um folhetim mexicano repleto de cenas picantes só afasta o público do que realmente importou com relação ao rei inglês.Por que ele entrou para História?Será que foi por ter dezenas de esposas/amantes?

As semelhanças chegam a impressionar.

As semelhanças chegam a impressionar.

Só espero que essa tendência não se aprofunde com o tempo.Imagine Cabral sendo encarnado por algum ator belíssimo,músculoso e sem talento.Ou talvez DaVinci, ao invés de um velho de barba pintando, como um Brad Pitt da vida.

A História deveria ser tratada com mais seriedade.Aproveitar um fato/pessoa histórico para criar uma ficção acarreta diversos problemas de interpretação e até conhecimento do público.Muitas pessoas não saberão quem foi Henrique VIII através da escola.Mas, será que assistir à sua versão cinematográfica irá esclarece-la?Essa pergunta eu deixo para o leitor responder.

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Wicked: a história não contada.

O grupo teatral da escola de aplicação da UFPA ( antigo NPI) vai encenar dia 5 e 7 de Abril, no teatro Margarida Schivasappa (centur), a adaptação do musical da Broadway : “Wicked – A história não contada das bruxas de OZ”.

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Inspirado no clássico da Literatura e Cinema, o musical aprofunda a história original, mostrando que por trás da simplicidade de uma narrativa, existem diversas interpretações da mesma. Fugindo um pouco da estética tradicional infantil, onde as relações se dão entre o bem e o mal, o musical tenta mostrar um novo olhar sobre as relações entre os personagens.O cenário, figurino e coreografia são encantadores, mergulhando o espectador no mundo mágico do espetáculo, portanto,  é uma ótima oportunidade para apreciar o trabalho desse grupo.

Para mais informações:http://www.wickedbelem.blogspot.com/

[créditos: texto parcialmente do Uriel]

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Mídia Alternativa

Debate de Mídias alternativas apresentou para os calouros de Comunicação Social da UFPA as maiores representações de Arte,Cultura e Sociedade no cenário paraense.

Essa semana, o CACO( Centro Acadêmico de Comunicação da UFPA) preparou uma Semana do Calouro especial para os novos estudantes do curso.Várias mesas, GD , debates, oficinas e mini-cursos foram realizados nesses cinco dias.Na quinta-feira, foi organizada uma palestra sobre Mídia alternativa, contando com a participação do jornalista Lúcio Flávio Pinto, do Jornal Pessoal,Osmar Pancera, da Rádio Margarida, Ilma Bittencourt, do Centro de Estudos e Práticas de Educação Popular e Jeyson Duarte, sobre Intervenção Urbana.

É importante discutir essas questões aqui no Jornal Sanitário, já que fazemos parte da mídia alternativa fragmentada: a blogosfera.A comunidade de blogueiros paraenses já discutiu esse assunto, mas vou trazer ele para cá:”Qual papel dos blogs na sociedade?”.

É inegável que os blogs estão influenciando nas dinâmicas de informação e conhecimento produzidos e debatidos na Internet.O que antes eram diários virtuais, hoje tornaram-se um importante instrumento de comunicação entre pessoas comuns, que no passado eram meras espectadoras da televisão.Não digo que a Internet irá acabar com a TV,contudo, não se pode negar que ela está ocupando um espaço muito grande na comunicação social.

A Arte Grafitti usada para expressar emoções e pensamentos.

A Arte Grafitti usada para expressar emoções e pensamentos.

Por ser uma ferramenta tão poderosa e democrática, o mundo dos grandes meios de comunicação tenta estigmatiza-la, apresentando a Internet como um meio perigoso,não confiável, mar de pedofilia, crimes e inutilidades.É lógico que isso existe na rede, mas ela não se resume apenas a isso.

Esse mau julgamento não está restrito à Internet.Expressões de arte de rua, como o grafitti, também são marginalizados e estereotipados pela Grande Mídia.Esse assunto foi tratado por Jeyson Duarte, que mostrou vários exemplos da arte grafitii x pixação.

Outra questão, também debatida nesse dia, é a de levar meios de comunicação para a população carente.Nesse sentido, incentivar a criação de Rádios Comunitárias, cinema pelos próprios atores sociais é uma prática também dos meios de comunicação alternativa.

Assim, esperamos que esse meio alternativo, seja na Internet, nas rádios comunitárias ou na grafitagem, ganhe mais unidade e força, para que a comunicação se torne, de fato, um direito de todo cidadão.

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A beatificação do livro

É um fenômeno que se pode observar em boa parte da massa intelectualizada do Brasil.Por todo lugar, o livro tornou-se um objeto símbolo do conhecimento, do saber, chegando a ser venerado por letrados.Desde o clássico “desligue a TV e vá ler um livro” ou variações como “saia do Orkut e vá ler um livro”, ou talvez a falácia “Pelo menos estão lendo alguma coisa, melhor do que ver TV”.A TV, por outro lado, virou símbolo de alienação e burrice.Os dois extremos carregam os equívocos e erros de interpretação cometidos por esses “intelectuais”.

Os livros viraram os cavaleiros do saber, prontos para defenderem a santa intelectualidade brasileira e destruir os infiéis,Uhu!

Os livros viraram os cavaleiros do saber, prontos para defenderem a santa intelectualidade brasileira e destruir os infiéis,Uhu!

A primeira coisa a entender são os princípios da comunicação: o emissor, mensagem, meio de comunicação e o receptor.Vamos ilustrar com duas situações:

1)Situação I : Temos o emissor, que é uma rede de televisão.Temos o receptor, que é um telespectador.Temos o meio, que é a TV.Temos a mensagem, que é o programa X.

2) Situação II : Temos o emissor, que é o autor de um livro.Temos o receptor, que é o leitor.Temos o meio, que é o livro.Temos a mensagem, que é um resumo escrito do programa X.

Pergunta: Qual é menos alienante: o programa ou o livro?

É óbvio que se um for, o outro também será.Já que a mensagem é a mesma, não importa o emissor, o receptor ou o meio de comunicação.A mensagem é o que define o caráter do que é emitido, não o meio.

É esse o grande equívoco de muitas pessoas.Elas usam o raciocínio de  que nos livros encontram-se as maiores fontes de cultura, quando na verdade um livro pode transmitir tanta porcaria quanto uma TV.Assim como uma TV pode ensinar, educar.

Só porque poucos leem, não quer dizer que qualquer livro deve ser transformado em um santo esclarecedor das pobres almas incultas.Pelo contrário, muitos livros são instrumentos de massificação cultural, assim como muitos sites e muitos programas.Enquanto muitos pensam que um livro ruim pode abrir portas para os livros bons, se enganam.O mundo da leitura acaba ficando limitado aos best-sellers de pseudo escritores, pois boa parte do público alvo dessa categoria não consegue expandir os seus horizontes.

Assim, os clássicos ficam restritos a uma minoria letrada e esquecidos nas prateleiras.Uma outra “minoria”, um pouco maior, engole o grande mercado literário instalado.O resto se limita às leituras obrigatórias ou a nada.Não que isso seja necessariamente terrível, o problema não é a pessoa deixar de ler.É a pessoa deixar de beber de qualquer fonte de conhecimento.Não interessa se essa fonte saiu do computador ou de uma televisão.

grafico

Com esse gráfico muito ruim, pode-se extrair as três principais categorias de leitores no Brasil, incluindo mais duas intersecções.

1- Leitores dos clássicos

Geralmente são universitários, professores ou especialistas.Mais ou menos 10% dos leitores.

2- Intermediários entre os clássicos e leituras básicas + best-sellers e booms literários.

Ainda constituem uma minoria de letrados, estudantes e alguns poucos jovens.

3- Leitores dos Best-Sellers

São a segunda maior massa de leitores ativos.É uma massa bastante heterogênea, englobando jovens, adultos, diversos profissionais, leigos.Apesar disso, ainda não constituem uma maioria e não alcançam grande parte das massas mais pobres.

4- Intermediários entre os Best sellers + Não leitores ou somente quando obrigados

Esses possuem um costume menor de leitura.Pegam às vezes um best seller, outras vezes não.São leitores irregulares e também heterogêneos, englobando uma massa bastante variada de profissiões, classes, idades.

5-Não- leitores ou leitores somente quando obrigados

Essa é a categoria que definitivamente não lê nada.No máximo em situações de pressão escolar.Por mais triste que isso seja, como eu já expliquei acima, tudo é uma questão de ponto de vista.Se dessa massa, alguns buscam informações em outros meios, não podem ser considerados incultos, burros, alienados.O livro é apenas um meio que eles não gostam, não existe nenhum problema nisso.

Enfim, os defensores dos livros têm “meia razão”.Por um lado, eles desejam uma melhora na cultura do país.Por outro, eles acabam caindo no preconceito contra os outros meios alternativo, ignorando a importância de qualquer forma de expressão existente, seja ela a dança, os programas de tv, os livros, os sites ou qualquer outra.

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